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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Clube das Histórias: A Menina Coração de Pássaro

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A Menina Coração de Pássaro



Era um pássaro e era uma menina. Um pássaro de árvore de Natal que tinha perdido a mola e a vassoura, brilhante, do rabo. E uma menina, sonhadora e solitária, que falava com as flores e sabia o coração das coisas.
Como o pássaro não tinha voltado a entrar na caixa das bolas e das grinaldas prateadas, ficado por feiura ao abandono, a menina levara-o para o seu quarto. Nessa noite, aconchegou-o num gorro de lã, que virou em jeito de ninho, e lá o deixou com o biquinho de fora, para que pudesse respirar a fofidão das sombras e bebesse, pela manhã, o nascimento da luz.
O pássaro conservava o seu branco lunar, prateado e vidrento, e uma cor caramelada que se repetia no bico e nas asas. Só lhe faltava um rabo. E a menina deu-se, por tarefa, procurar-lho.
Ao outro dia, mal se levantou, pôs-se em campo e, depois de buscas aturadas por cantos e recantos, encontrou uma peninha fofa dum chapéu de palhaço e um feixe de hastes longas que dormiam num antigo baú. Misturada a peninha arfada, sopro de respiração verde e musguenta, às hastes flexíveis, como ervas tenras de primavera, mas dum vermelho palpitante e sanguíneo, o efeito era surpreendente! Tinha o que precisava.
Com muito cuidado, a menina tirou do ninho o seu protegido e com uma fita adesiva, colou-lhe o novo e sumptuoso rabo.
Magicamente, o pássaro transformou-se. Deviam ser assim as aves do paraíso. Eram com certeza. O corpo lunar recolhia, agora, todos os reflexos da luz da manhã clara e devolvia-os, numa brita lantejoulada, de arco-íris. E a menina pôs-se a amá-lo tanto que sempre que o seu coração anoitecia entrava no corpo luarento e espelhado e voava pela janela.

Que estranhas eram as noites! E que bom era voar! Não havia limites: tudo era amplo, liberto, sem fim. Espaços ora sombrios e nevoentos, ora floridos de estrelas, sucediam-se num deslumbramento. Aos pontos luminosos da noite, respondiam outros pontos, luminosos, na Terra. Eram as casas, os navios, as cidades dos homens que, vistas assim de cima, pareciam enormes teias de aranha, preciosamente orvalhadas. Os faróis dos carros, os comboios riscando as trevas, semelhavam estrelas cadentes. E a menina aventurava-se cada vez mais e mais. Subia e respirava aquela liberdade única: a do sonho. E, duma vez, chegou às estrelas – que incendiavam o azul com seus ramos de fogo.
Num cantinho, ao deslado, estava uma estrelinha que se pôs a piscar os olhinhos, num convite mudo, mas insistente. E a menina aproximou-se com o seu estranho corpo de pássaro.
— Quem és? — perguntou a estrela. — Aqui só nos chegam os satélites dos homens. Nunca te vi.
— Não sei bem como explicar-te — atrapalhou-se a menina. — Sou pássaro e sou menina… Ou melhor, sou uma menina coração de pássaro.
— Complicado, mas bonito. Vem-me fazer companhia! Estou tão cansada de ser estrela!
Então a menina coração de pássaro, já afoita e confiante, pousou-lhe num dos ramos.
— Como podes estar cansada de ser estrela?! — censurou. — A Terra desdobra-se a teus pés, com um imenso mapa e vês a lua a mirar-se nas águas. Tu mesma lá estás dobrada como se tivesses uma irmãzinha gémea. Não gostas de te ver ao espelho?
— Todas as noites em frente de um espelho é um pouco cansativo, não achas?
— Não sei… Só sei que invejo a tua sorte, estrelinha! — suspirou a menina. — Daqui vês a Terra apertada no anel, movente, das águas. Não há nada mais belo, nem mais vasto que o mar!
— Como te enganas! Estou aqui há milhares de anos e posso dizer-te que mais vasto que o oceano é o sofrimento dos homens…
— Como pode isso ser?! — perguntou, afligida, a menina.
— O egoísmo tornou-os tão alheios e isolados que um rosto se tornou uma parede para outro rosto. Os ricos vivem longe dos pobres, ensurdecidos à dor e à miséria. Os países fecham-se, por fronteiras, e esmagam-se através de guerras e chacinas. Aqui, não me chegam os perfumes da Terra, nem a mutação, colorida, das estações. Daqui, o teu planeta é habitado por gritos e banhado por um oceano de lágrimas…
— Com toda a beleza da Terra?!
— Com toda a beleza da Terra — confirmou a estrela. — A beleza é igualada pelo sofrimento e é ele que a torna tão necessária, frágil e preciosa.
— Porquê?! Porquê?! Explica-me, estrelinha, para ver se entendo!
— Os homens deixaram-se dominar pelas máquinas que inventaram. Tornaram-se peixes e pássaros monstruosos, criaram astros artificiais. Mas não aprenderam a viver, lado a lado. E o oceano das lágrimas cresce sem cessar.
— É terrível o que me dizes. Já chorei algumas vezes — confessou a menina — mas, agora é como habitar uma lágrima. Como poderão os homens reencontrar o caminho da felicidade?
— Quem me dera sabê-lo!... Talvez precisem de uma nova imaginação, uma imaginação que não seja mecânica como a que os tornou poderosos, mas lhes secou o coração, entendes?
— Não sei bem… — respondeu, pensativa, a menina. — Quando eu era mais pequena, nos dias em que não havia sol, sentia-me muito triste e infeliz, como uma flor que não pudesse espreguiçar as suas pétalas. Desolava-me, murchava. Até que um dia imaginei que uma rosa gigante e mágica cobria o sol. E com aquela beleza imaginada me consolava. Será uma imaginação assim que faz falta aos homens?

(…)
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Caros Leitores,

O Projeto Clube das Histórias: Abrir as portas ao sonho e à reflexão, tem vindo, ao longo dos anos, a difundir-se de uma forma significativa não só em Portugal como também no Brasil e nos países africanos de língua portuguesa. No sentido de assegurar a sua continuidade, foi constituída uma equipa pedagógica formada por professores de vários grupos disciplinares e provenientes de diversos estabelecimentos de ensino, que têm a seu cargo a seleção, preparação e envio gratuito de uma história semanal por correio eletrónico.


O Clube das Histórias visa assim promover a literacia, contribuindo para o gosto pela leitura de pequenos contos que podem fazer a diferença no mundo de hoje, contos esses que convidam não só a refletir como a sonhar…. As histórias, que são selecionadas em função do conteúdo ético e simbólico, permitindo deste modo uma reflexão sobre os princípios fundamentais da sociedade atual, abordam temas relacionados com as vivências individuais e coletivas, e transmitem valores como a solidariedade, a justiça, a generosidade, o amor, o respeito por si próprio e pelos outros, a delicadeza, a responsabilidade, entre muitos outros.

Pode visitar o nosso blogue http://contadoresdestorias.wordpress.com onde irá encontrar histórias sobre os mais diversos temas, atividades pedagógicas múltiplas e textos de reflexão.
E é sempre com muito gosto que lhe enviamos gratuitamente, em cada semana, histórias que o farão sorrir e pensar…
BOAS LEITURAS!

A Equipa Coordenadora do Clube das Histórias

ac@contadoresdehistorias.com
 clubecontadores@gmail.com

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Clube das Histórias

Projeto: Abrir as portas ao sonho e à reflexão

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Caros Leitores,

Gostaríamos de os convidar a participar num novo projeto que tem por título – Das Histórias aos Livros.
Os membros do Clube das Histórias têm vindo, desde há algum tempo, a dedicar-se à recolha e seleção de livros capazes de proporcionar uma reflexão sobre princípios éticos fundamentais para a nossa sociedade. Os temas presentes nesses livros giram em torno de valores como a solidariedade, a coragem, a honestidade, o respeito pela diferença, o sentido de justiça. Valores intemporais, que têm merecido, ao longo do tempo, a atenção de escritores de diversas nacionalidades.
Assim, em simultâneo com o envio das histórias, o Clube teria o maior gosto de colocar gratuitamente à disposição um conjunto de obras integrais divididas em trechos/capítulos, que seriam enviados todas as semanas.
Se estiver interessado(a) em receber semanalmente via email uma obra de leitura extensiva dividida em capítulos, basta responder a este email copiando a seguinte frase no campo do “Assunto”:
 

“Sim, estou interessado(a) em participar no projeto: Das Histórias aos Livros.”

Com a convicção de que este novo projeto do Clube das Histórias merecerá o interesse dos nossos leitores, agradecemos desde já a atenção dispensada.

Uma vez que tivemos conhecimento de que algumas pessoas têm tido dificuldade em inscrever-se respondendo a este email, sugerimos que envie a frase de inscrição para o seguinte endereço eletrónico clubecontadores@gmail.com.


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